Britney Spears está entre as artistas mais influentes dos anos 2000. Desde sua estreia no cenário musical, no fim dos anos 90, ela conquistou milhões de fãs ao redor do mundo. No entanto, a jornada de Britney também foi marcada por desafios pessoais e batalhas públicas que prejudicaram sua reputação.

Mas por que falar sobre ela? Surgindo como um fenômeno pop, Britney rapidamente se destacou, vindo a ser uma das artistas femininas com mais discos vendidos na história. Ela não apenas dominou as paradas, mas também influenciou toda uma geração de fãs e artistas.

Em 2007, após um período turbulento em sua vida pessoal, passou a viver sob uma curatela determinada pela justiça e administrada, de forma abusiva, por seu pai. O veredito que a silenciou por 13 anos chegou ao fim em 2021.

Recentemente, a popstar lançou sua primeira autobiografia, “A Mulher em Mim”, falando sobre os percalços e as experiências vividas desde sua infância e, principalmente, durante a curatela. E é nesse momento que a história começa a mudar e uma nova imagem da cantora começa a ser construída. Um percurso muito conhecido na gestão de reputação e que nos oferece alguns insights valiosos que iremos explorar neste artigo.

O livro
Lançado em outubro, o livro “The Woman in Me”alcançou o posto de mais vendido da Amazon em sua pré-venda, especialmente por conta da série de spoilers polêmicos adiantados nas redes sociais. Na obra, a cantora, de 41 anos, resgata diferentes memórias, tanto sobre a vida íntima, longe dos holofotes e dos palcos, quanto sobre a carreira musical.

E, mais do que isso, o livro marca um momento crucial na vida da performer, que ao escolher contar sua própria história, toma as rédeas da sua narrativa. Inclusive, fica a dica: narrativas são poderosas ferramentas de comunicação, que podem ser usadas para construir ou destruir uma reputação.

Com a palavra, a porta-voz oficial
Britney Spears, uma persona pública, foi frequentemente controlada pela imprensa e por tabloides sensacionalistas que a retratavam como uma pessoa instável e problemática. Quando raspou a cabeça em 2007, por exemplo, ela instantaneamente se tornou alvo de piadas e comentários maldosos. Apresentadores de grandes talk shows criticaram sua atitude, jornalistas respeitados fizeram graça da situação e, para piorar, seu nome foi o grande destaque das mídias sociais que estavam surgindo.
Spears nunca deu uma explicação sobre esse momento, fez questão de se manter em silêncio. Nós poderíamos dizer aqui que a pior atitude foi o silêncio, afinal sabemos que diante de uma crise de reputação, não se posicionar permite que outras fontes se posicionem no seu lugar e definam a sua história. E sim, nós criticamos por muito tempo o silêncio da cantora.

Mas agora, no seu livro de memórias, ela finalmente retoma o poder sobre sua narrativa e explica o porquê de tal atitude e do seu silêncio: para preservar sua saúde mental e raspar o cabelo foi uma forma de “tomar as rédeas do seu corpo”. E sim, mesmo sabendo que o silêncio iria gerar uma crise de imagem, ela preferiu se preservar.
Ninguém levou Spears a sério em meados dos anos 2000, e o seu livro de memórias deixa claro que isso não foi por culpa dela. A sociedade não conseguia reconhecer que uma estrela infantil se tornasse uma mulher adulta capaz de tomar suas próprias decisões.

E, quando escreve sua autobiografia, ela traz à tona uma outra questão importante da gestão de reputação: transparência e humanização. É muito claro que o livro não foi escrito apenas para “dar uma satisfação à mídia”, mas sim para ser verdadeira com os seus fãs, se aproximar deles novamente e finalmente assumir as rédeas da sua vida. Ao encarar uma crise de forma honesta, é possível construir uma conexão genuína com os seus stakeholders e ganhar respeito por sua autenticidade.

Ser transparente sobre as falhas de uma marca é essencial, principalmente diante de adversidades. Quando as pessoas se identificam com uma história, elas são mais propensas a confiar na pessoa (ou marca) que a conta. Por isso, a autenticidade ajuda a criar uma base sólida para a construção e manutenção de uma reputação positiva.

Outra lição é que ela corajosamente admite que ainda tem trabalho a fazer, uma postura diferente em relação às biografias de celebridades que encerram como se não tivessem mais nada a desenvolver. E o mesmo acontece com as empresas, a atualização é constante, uma crise não é resolvida de forma imediata e para sempre, é necessário monitoramento frequente e novos planos podem e devem ser feitos ao longo do tempo.

Seja na vida pessoal ou profissional, as lições aprendidas com o livro da popstar nos lembram da importância da transparência e de nunca subestimar o poder de contar nossa própria história. “A Mulher em Mim” é uma boa leitura para os interessados em gestão de reputação.

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Marden Ferreira – editor, analista de comunicação na Ideia e fã da Britney Spears.

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